Boato - Islândia obriga a abortar fetos com Síndrome de Down?

Verificação dos Fatos – Será verdade que a Islândia obriga a abortar fetos com síndrome de Down?

Uma grande confusão de informações tem sido veiculada nas mídias mundiais acusando o governo da Islândia de tentar erradicar a síndrome de Down através da eugenia, ao obrigar as gestantes residentes no país a abortarem seus fetos que foram diagnosticados, ainda no período pré-natal, com a doença. Mas a história não é bem assim.

Tudo começou com uma interpretação errada da matéria da CBS News, aqui, que publicou que a Islândia seria o primeiro país no mundo a erradicar em 100% o parto de fetos com síndrome de Down através do aborto seletivo. A matéria afirma que o governo da Islândia pressiona o rastreio pré-natal dessas mulheres.

A publicação da matéria levou a líderes políticos e religiosos dos EUA e da Europa, a acusarem a Islândia de eugenia e práticas nazistas.

Islândia obriga a abortar fetos com Síndrome de Down?

O governo da Islândia, de acordo com o Iceland Magazine, negou que incentive o aborto de fetos com síndrome de Down, mas afirma que, no país, o direito das mulheres sobre seus próprios corpos é reconhecido por políticos, profissionais da saúde e pela própria população islandesa.

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Assim sendo, se uma mulher, residente no país, fizer o teste pré-natal que detecta a síndrome de Down, decidir optar por abortar durante o primeiro trimestre, é encaminhada para um assistente social do hospital, onde não há esforços para que mude de opinião.

A decisão de levar uma gravidez até a conclusão é vista pela esmagadora maioria dos islandeses como uma decisão que as mulheres devem fazer por conta própria ou com seus parceiros. Na Islândia, estranhos, sejam eles líderes religiosos, políticos ou comunitários, não possuem poder de opinião nas decisões intensamente pessoais e morais das pessoas, como o planejamento familiar.


A Islândia tem 100% de aborto de fetos com Síndrome de Down?


Hulda Hjartardóttir, médico-chefe na maternidade do Hospital da Universidade Nacional disse ao jornal islandês, Morgunblaðið, que é errado afirmar que 100% das mulheres do país optam pelo aborto quando descobrem a existência da síndrome de Down em seus bebês.

De acordo com o médico:

- 80 a 85% das mulheres que engravidam optam pelo teste que detecta a síndrome de Down.

- 15% a 20% optam por não saber da existência, ou não, da doença.

- Dos pais que descobrem que seus filhos possuem uma MAIOR PROBABILIDADE de desenvolver a síndrome de Down, cerca de 20% optam por fazer o aborto imediatamente.

- Os restantes decidem fazer mais testes e são esclarecidos por médicos e enfermeiros sobre o assunto.

- Caso seja detectada, de fato, a existência da síndrome do Down, eles possuem duas opções: levarem a gravidez adiante ou abortar.

Em 2016, 6 bebês nasceram com síndrome de Down na Islândia.

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De acordo com o site Movimento Down, uma pesquisa publicada no American Jounal of Medical Genetics, feita com o intuito de entender o impacto nas famílias com crianças com síndrome de down revela:

De 2400 pais entrevistados, 99% declararam amar seus filhos, 97% disseram sentir orgulho deles, 79% dizem enxergar a vida de forma positiva graças a seus filhos com SD, 5% se dizem envergonhados de seus filhos e 4% se arrependem de os deixarem nascer.

Entre os irmãos, 94% sentem orgulho de seus irmãos com a síndrome de down e 88% consideram a relação entre eles como positiva.

O fato mais relevante dessa pesquisa revela que, dentre os 284 entrevistados que possuíam a síndrome de Down, 99% deles se disseram felizes e satisfeitos com a própria vida. 97% gostam de ser quem são e 96% gostam da maneira como se veem. A percepção acerca das relações familiares também é extremamente positiva. 99% expressam amor por suas famílias e 97% “adoram” os irmãos.

Concluindo, a Islândia não obriga as mães a abortarem seus fetos detectados com síndrome de down, e no país não há uma taxa de 100% de abortos relacionados a doença. O que ocorre é que a maioria das mães opta, por vontade própria, usar do direito cedido pelo governo islandês de, até o primeiro trimestre, abortar seus fetos, por motivos diversos, inclusive os detectados com a síndrome de down.
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