Facebook bloqueou perfil de mulher que rejeitou o desafio da maternidade após receber denuncias de pessoas revoltadas com a sua sinceridade em relatar a sua experiência real, que descreveu como dolorosa e cansativa: “Quero deixar bem claro que amo meu filho, mas odeio ser mãe”.
O desafio da maternidade era para ser mais uma brincadeira no Facebook, simples e despretensiosa e se tornou no simbolo da opressão e da censura. Expondo a fragilidade do sistema de denuncia do Facebook, que é capaz de deletar um perfil de uma mãe sincera em pouco minutos e deixar por meses e as vezes nem bloquear páginas como a "Eu odeio cachorros 2.0" que incentiva a violência contra os cães com dezenas de fotos de cachorros machucados e mutilados. Para páginas assim é preciso criar petições on line e outras milhares de páginas de protestos.
O desafio da Maternidade:
DESAFIO DA MATERNIDADE ACEITO: Fui desafiada a postar 3 fotos que fazem me sentir feliz em ser mãe, eu vou marcar 10 pessoas que eu acho que são grandes mães e que poderão postar 3 fotos para o desafio da maternidade: se você for uma das mães que eu escolhi, copie este texto e coloque no mural com 3 e escolha 10 grandes mães. Eu desafio
Ao receber o desafio acima, a Juliana Reis, uma dona de casa carioca de 25 anos, postou que se rejeitava o desafio pois considerava era uma maneira de iludir as mulheres, passando a falsa ideia de que a maternidade é um mar de rosas, e propôs um outro desafio, o desafio da maternidade real.
Juliana Reis ainda procurou deixar claro que ama o filho dela, mas odeia ser mãe e que isso provavelmente não vai melhorar nem quando ele tiver a idade dela.
Foi o suficiente para o tribunal do Facebook começar a julga-la e condena-la. Logo seguiram as denuncias ao perfil dela, como se ela fosse uma criminosa. E por mais incrível que pareça, o Facebook foi bastante ágil em excluir o perfil dela, uma agilidade que nunca é vista em páginas de ódio e violência.
Após o bloqueio, pessoas solidárias a Juliana decidiram criar a campanha do "Desafio da maternidade real" com a hashtag #matenidadereal e #TamoJuntaJuliana.
Em carta aberta publicada no Jornal Extra, Juliana explica:
"O Vicente dá umas gargalhadas enquanto dorme. É mt lindo, vem uma emoção, uma vontade de gritar (mas ele tá dormindo, então tenho que surtar em silêncio). Mas a hora que eu fico feliz mesmo é quando ele faz essa expressão da foto. Essa é a cara de quando ele faz cocô. Ele olha pro nada, faz esse bico meio estranho e depois vem o barulhão de cocô saindo! E eu detesto trocar fralda! Mas amo tanto quando ele faz cocô porque ele fica bem. Nitidamente ele "se alivia".
Mas a palavra 'detesto' é motivo de julgamentos e motivo de acharem que eu estou louca. Motivo pra terem pena do meu filho. O que me entristece é a crueldade das pessoas. Aos poucos comentários que eu consegui responder, eu consegui NÃO rebater o mesmo ódio que me foi transmitido. Ainda bem que eu estou com muita estrutura pra encarar isso porque se eu sofresse de depressão pós parto, como mt gente me diagnosticou, vocês só estariam me dando a arma pra me matar.
EU NÃO VOU ME CALAR! VOCÊS NÃO VÃO CALAR AS MÃES!
Uma amiga postou um texto lindo que eu quis compartilhar mas eu não tive tempo e nem a resposta se ela me autorizava. Até agora eu não sei se foi com intuito de me criticar ou de me apoiar, mas isso NÃO importa. No texto ela fala que tem uma diferença entre ser mãe e ter filho. Que ser mãe requer entrega, sacrifício, doação total e amor. Ter filho muita gente tem. E é a mais pura verdade. Quando eu decidi ter esse bebê, eu decidi ser mãe. Só que quando eu me tornei mãe, a Juliana de antes morreu e eu ainda estou de luto por essa morte. Ainda sinto falta de mim, do que eu era antes, de como as coisas eram mais fáceis.. Enfim, o fato de eu estar detestando essa fase não implica no meu amor pelo meu filho, ele é muito bem cuidado. E eu decidi ser mãe pq eu o amo tanto que estou disposta a fazer o que eu "detesto" pro que melhor é melhor pra ele.
Às mães que deram a cara a tapa junto comigo: Vocês são sensacionais! Muito amor por vocês!
À quem critica, porque gosta de criticar, ou porque não concorda comigo mesmo (talvez você tenha tido a maternidade dos sonhos): Meu amor por vc! E peço pra que tenham mais compaixão com a dor do outro! As palavras machucam.
Espero recuperar meu Facebook logo. Até lá, eu sigo acreditando na máxima do meu poeta preferido:
"As pessoas não são más, elas só estão perdidas. Ainda há tempo!" (Criolo)
Abraços
Será que temos tantos direitos de julgar, condenar e calar a boca e impedir das pessoas dizerem o que pensam? E o Facebook está certo em se deixar levar pela onda de ódio e bloquear sem critérios?
Update: Perfil de Juliana Reis restaurado
3 Comentários
ela so falou a verdade, tem tanta mãe ai que não olha os filhos , quem cuida é a avó, ou teve filho por que sai dando pra qualquer um, e depois se vira pra criar e deixar com os outros , e quando sai pra balada, sai com roupa "sou puta quero da".. foda ne
ResponderExcluirRafael, explique por favor a definição de "sou puta quero da"? Seu apoio a Juliana foi bacana, deveria ter parado seu comentário na 5a palavra. Cada um sabe onde seu calo dói, e cada uma tem seus motivos. Essa mãe deixa o filho com a avó e vai pra balada se divertir com a roupa que ela gosta e se sente bem. Pq ela nào deixa com o pai da criança? Ahhhh é pq ela não soube escolher. Afinal, homem realmente é preciso escolher muito bem né? Então vamos parar de criticar as mulheres? Vc agiu exatamente como todas as que criticaram a Juliana...
ResponderExcluirAi Rafael, levou um Xeque-Mate!
ResponderExcluirEu entendo o que vc quis dizer cara, mas vc precisa entender que a mulher tem o direito de sair com a roupa que quiser, sempre que quiser, assim como vc tem o direito; desde que não infrinjam a lei, claro.
Quanto às mães que vc falou, é como o Xeque-Mate da Gabriela disse: vc julgou elas com a mesma velocidade que as outras pessoas julgaram a Juliana. Talvez elas estejam erradas mesmo, talvez não. Mas não é a nós que cabe o julgamento. Talvez a avó que ficou com o neto pra mãe ir se divertir tenha algo as dizer sobre o fato, ou o conselho tutelar talvez, ou algo assim, se ocorreram maus tratos. E só.