Bactéria em dinheiro pode matar em 21 dias - Boato

2 boatos em versões diferentes se uniram para "desinformar" que existe uma bactéria mortal no dinheiro que, sem cura, é capaz de matar uma pessoa em 21 dias. 

Enquanto uma das versões aponta que a bactéria que está contaminando o dinheiro e mata em 21 dias teria vitimado uma caixa de supermercado, de 21 anos, a outra versão tem como principal protagonista uma suposta enfermeira do Hospital Socorrão de São Luis do Maranhão que estaria passando um alerta geral sobre a existência de uma bactéria que come a carne humana, sendo transmitida através de cédulas de dinheiro.


Será verdade que existe uma bactéria no dinheiro que come carne humana e mata em 21 dias?

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Verificações dos fatos -  Esse é o tipo de boato que pega fácil e costuma ser muito compartilhado, ainda mais quando existe uma nova versão complementando e, falsamente, legitimando a outra, afinal, todos sabemos que notas de dinheiro são repletas de bactérias. Algumas cepas bacterianas são inofensivas, mas outras podem causar problemas como conjuntivite, rinite alérgica ou até mesmo problemas gastrointestinais.

Assim sendo, não é de se espantar que boateiros de sites sensacionalistas - que buscam o lucro fácil que o desespero e a histeria coletiva causam - inventem que uma super bactéria mortal comedora de carne humana estaria presente nas cédulas imundas de dinheiro.

De acordo com uma analise feita em 2015, em Campinas, publicada pelo G1, foi detectada a presença de 93 tipos diferentes de bactérias nas cédulas e moedas circulantes na região. Algumas dessas bactérias também podem ser encontradas em vasos sanitários.

Em junho de 2017, a revista Veja coletou 80 notas de Real em alguns locais de São Paulo e o resultado da análise laboratorial detectou a presença de bactérias diversas em 70% delas. Uma curiosidade: 100% das notas continham resíduos de cocaína.

Essas bactérias encontradas nas pesquisas podem causar infecções mais comuns que a pessoa tem sem saber onde contraiu, como terçóis, faringites, otites, acnes, furúnculos e micoses, por exemplo. Essas infecções podem se tornar muito sérias, se forem manipuladas e se as bactérias penetrarem na corrente sanguínea.

Mas nunca foi encontrada nenhuma bactéria mortal que come a carne humana e mata em 21 dias. Não há registros desse tipo de bactéria em dinheiro, nem mesmo no Hospital Socorrão, sites do Ministério da Saúde, revistas, jornais ou sites da grande imprensa. 

Antes que o leitor avise que de fato existem bactérias que "comem carne humana" (linguagem popular mas não acadêmica), causando graves lesões na pele e músculos e, por vezes, levando até a amputação, queremos frisar que essas bactérias não se encontram presente nas cédulas de dinheiro.

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De acordo com a Superinteressante, mesmo se estivessem presente, as bactérias vulgarmente conhecida como comedoras de carne precisam de uma série de fatores e condições para causarem a doença chamada  de "fasciite necrotizante", tais como estar com um corte na pele para que a bactéria entre no organismo; ainda assim, em geral, as células de defesa no sangue a impedem de agir. De acordo com especialistas, para que a fasciite necrotizante apareça, é preciso que o paciente esteja imunodeprimido (com o número de células de defesa abaixo do normal), como no caso de idosos ou de quem acabou de passar por uma cirurgia. 

E nem precisa ficar em pânico só pelo fato dessas bactérias existirem, pois não são nenhuma novidade. As primeiras descrições da fasciite necrotizante remontam à Guerra Civil Americana (1861-1865), enquanto que no Brasil ela foi detectada há mais de 120 anos, constando no livros de medicina desde a década de 50.

Fora os sites de fake news e do whatsapp das pessoas que compartilham a cascata, nunca houve notificação alguma de órgãos de saúde do mundo inteiro sobre a existência dessas bactérias comedoras de carne em  notas ou moedas de dinheiro.

Mas o Ministério da Saúde adverte, o dinheiro é sujo, cheio de bactérias e as mãos devem ser lavadas após o manuseio de cédulas e moedas, assim se evita contrair conjuntivite, diarreia e outras doenças.


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